domingo, 8 de julho de 2007

Olhos de vidro, espelho do seu ser.

Eu não consigo mais escrever como antes. Estou com algum bloqueio. Talvez isso seja definitivamente um castigo por ter me omitido de escrever durante o passado. Retratei as coisas olhando-as pela janela, até que um dia eu não pude fugir do espelho da verdade.

Quando se está amando, a verdade é o que mais importa,vale qualquer custo. E, é por isso que as pessoas a temem tanto. É fácil viver num mundo onde você é invisível, onde se assiste o carnaval em um camarote em Riviera. Mas quando você permite ser visível, alguém pode ver você.

Antes, olhar-se no espelho era fácil – você e ele. Quem te via, era você mesmo, você se julgava e se suportava. O espelho era apenas um fantasma de quem você era, ou de quem você imaginava ser.

E num piscar de olhos, o espelho começa a pensar por ele mesmo. E seu ser começa a ter medo de quem está te observando. Ele te olha e não diz nada, um sorriso no silêncio de duas almas. Então fugir seria a solução, mas por onde quer que você ande novos espelhos aparecerão. A sua privacidade não existe mais, o seu manto da invisibilidade se rompeu e você começa a ter medo. Não da para voltar atrás ao sentir-se nu. O temor vem – junto ao terror – e se sempre tiver havido espelhos? E se sempre te observaram? E aqueles erros que você cometeu num momento de fúria ou lúcido, achando que por ser invisível não seria um problema? As indagações sobre si é o mais perto do que podemos chamar de inferno!

Não da pra fugir dos olhos da multidão – não da para se esconder dos olhos silenciosos de Deus.

Engraçado, mas quando você está sendo de alguma forma observado, você mente porque tem medo do passado ou da realidade. E justamente hoje, um tijolo do seu futuro. Qual casa você está construindo para repousar sua velhice?

Talvez, como agora, um espelho esteja respondendo a você, mas já não é um espelho. De volta a matéria, um vidro, por onde dois invisíveis se encontram. Seus olhos não são mais espelhos, e sim um retrato do que você mais tem medo, ou seja, Você.

Através do que você vive – os seus olhos enxergarão o mundo. Infelizmente, se você vive uma mentira, inegavelmente estará sendo enganado ao visualizar.

Todo homem é suscetível ao se enganar várias vezes, alguns chamam o evento de desilusão, coração partido, amor não correspondido. Eu chamo de o triunfo da mentira, ou, à volta a verdade.

Nesse caminho de espelhos, observadores, invisíveis e visíveis, você começa a procurar a verdade. E em cada espelho, uma nova chance de perguntar-se, valeria a pena eu? Você verdadeiramente me conhece? E então, além de visível você se torna frágil. Uns espelhos são quebrados por seu medo, outros reconhecidos por seus atos gloriosos. As suas vestes voltam ao seu eu tangível. Verdadeiramente és humano nessa hora.

E então todos os espelhos caem por chão, os vidros que separam rostos desconhecidos se quebram, você está de volta ao mundo. Sem respostas, sem passado, só os tijolos do presente. Você está livre pra viver. E quando a verdade habita o ser, o amor procura mais um sentido. Tudo isso agora faz sentido, a jornada - Do invisível e partido, ao amado e completo.

Faltam-me palavras para escrever sobre o mundo, pois na minha alma está a verdade. E me locupleto em ser meu próprio interlocutor ao viver esse amor. Não mais preciso escrever para disfarçar, e se as palavras me faltam, é porque é a hora de viver. Viver meu grande amor.

Paulo Câmara.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pra mim você é o maior escritor. É tudo de bom! Continue sendo você. Te admiro e te gosto muito. Beijos.

Anônimo disse...

É uma alegria muito grande ter voce como filho,saber que com a sua vida você reflete oamor maior,o amor de Cristo. Filho continue sendo esta pessoa especial que você é, que não mede esforços para investir em vidas. Você é um grande homem. Tenho certeza de que Deus tem coisas grandes e firmes pra você! Obrigada por todo carinho e atenção e amor que tenho recebido como mãe. Com amor, Ivanete