terça-feira, 24 de julho de 2007

O Diário de um Viajante dos Mundos.

O encontro com uma árvore. Eu e ela, nenhum de nós dois sabíamos como tínhamos chegado até aquele ponto. O fruto do destino em uma árvore seca! A estação perfeita no inverno do encontro da Criação com a criatura. Fiquei encarando aquela árvore por horas, e ela também.

Estávamos tímidos diante da presença um do outro, o silêncio entristecedor do abismo que existe entre a beleza e a besta. Diante de um Abismo, sempre uma oportunidade de se criar uma ponte – era o que dizia um velho ancião que eu deveria ter criado em algum devaneio cognitivo. Bruto como uma árvore, só havia em minha mão um canivete, era para cortar e perfurar o mais profundo de qualquer ser. Existia na minha mão a possibilidade de destruir aquela árvore e mostrar a minha soberania.

O poderio de um homem se resume a sua escolha ou sua renúncia diante da adversidade. Aquele canivete poderia mostrar minha covardia diante de uma beleza que jamais poderia ser incorporada ao meu ser, nada me restou – ah não ser talhar aquele tronco. Com golpes precisos perfurei a arma e a alma daquela árvore e me senti o mais homem de todos. O mundo estava em minhas mãos e a minha marca acabara de deixar na rainha da floresta.

Aquela árvore por todo o sempre carregará a marca que simbolizou aquele momento. O meu coração fora talhado ali para que todo aquele que chegasse perto da Majestade soubesse que eu havia entregado o meu coração de viajante. O símbolo de um coração perfeito, na obra soberana de Deus, o pulmão do mundo agora carrega o meu coração. Posso respirar novamente e saberei sempre que deixei meu coração talhado na melhor madeira, a madeira da beleza inocente de um jequitibá.

Paulo Câmara

2 comentários:

Anônimo disse...

linndo lindo... poético e ao mesmo tempo crítico...

Anônimo disse...

Ainda que fosse necessário entregar toda a riqueza por este coração (Ct), jamais deixaria tornar-se apenas viajante...