sábado, 19 de maio de 2007

Aonde esconderam Atlântida?

Hoje estou de castigo, sem caminho, sem abrigo, e só me sobrou à busca do continente perdido que perdi entre algum sonho e outro quando me disseram que a terra seria meu lugar. Distraído repentinamente, esqueci que Atlântida era o que eu devia procurar - o sonho de meus pais, a herança do conhecimento, a busca idealista.

Descobri a duras penas que às vezes os ventos erram de direção e que as nuvens,as lindas nuvens, não são feitas de algodão. Contaram que o meu Deus não existe, que a igreja é capitalista e o Papa é imperialista. Porcos chauvinistas! Estão também no poder! A revolução dos bichos de fato ocorreu – Planeta Macaco, homem primata. Queimaram nas fogueiras os meus ídolos. Percebi então, que todos os meus ideais eram apenas moinhos de ventos.

Fizeram-me vender a minha liberdade em troca de espelhos de vários tamanhos e modelos. Venderam a ilusão de que eu era aquilo que aquela lente representava. Não vejo minha alma nesse espelho, apenas um ser pálido - Oh! Cara pálida, cadê meu cigarro de palha?

Nem isso eu posso, é contra as leis, a fumaça que meus antepassados utilizaram. Não queria mesmo... A história relata que todos morreram de overdose. Talvez seja a hora propicia para mais uma dose. Sinto-me como um copo de uísque vazio, com duas pedras de gelo, esperando o doce ardor da verdade, do esquecimento da realidade, aquela meia dose dinamarquesa.

Comprei uma luneta para olhar o espaço, me prenderam por violar a liberdade, invasão de privacidade. Privaram-me da luz dos astros, vi o sol nascer quadrado. Na televisão, relatos de um mundo perfeito – crimes hediondos, guerras sem motivo, quem quer ser prefeito? Pretérito dos méritos, futuro doente. O mundo está em caos e só eu vejo as crianças morrendo de fome, os velhos jogados nos cantos, e os sindicalistas governando.

Quando fugi da prisão, conheci uma garota. Que visão! Doce ilusão. Veneno do escorpião, que acabou de me contaminar contando os delírios de uma juventude sem equilíbrio. Cadê o espírito esportivo? Apenas Karmas destrutivos. Alan Kardec já virou antidepressivo. Universal, a cocaína que Freud cheirou e Marx repudiou - sem pudor. Ai que dor, o poeta morreu e não existem esperanças de ressuscitar no terceiro dia. Cadê o ópio do ópio?

Terremotos, maremotos, entre propagandas hellomoto e hello Kitty, o inferno se abre. A população está sendo incorporada, vitimas ou malditos? A etiqueta mostra made in hell, 100% fogo. Eu to quase acendendo o meu isqueiro. Mas se eu acender, a faísca que ilumina é a que aniquila. Aniquilar-me-ia, e já não sei se quero ir pra onde dizem que vou.

Tô no fim da vida, não existe água no planeta azul.

Baby bora fugir. Tá na hora de voltar pra Atlântida! Vamos procurar? Eu a esqueci em algum lugar. O que você está fazendo sentada aí? Não existe no google, no seu search. Eu tenho o mapa, o mapa da Atlântida. Corre, larga tudo, vem comigo. Deixa de sono, vem viver o sonho, porque os prognósticos afirmam sonolência profunda e eterna ao fim do túnel....

Peraí. Atlântida era pra ser aqui, no fim da página. Perto do ponto final. Não é possível que adicionassem mais uma página aos meus garranchos. Olha ali procure o Capitão Gancho, o Peterpan e o Sancho Pança, eles andam em bando. Não to vendo os guerreiros do apocalipse, cadê? Cadê você Alice? Diga-me, por favor, onde está o País das Maravilhas? Nunca acreditei quando o Peterpan disse que não existe Sininho no mundo Real, NÃO, a terra do nunca – nunca existiu.

Fui enganado mais uma vez. Atlântida, nunca existiu. Ei moço, Não me mate, eu quero ter filhos, eu quero brindar o ano novo, quero me formar também.. Não dá prayboy, você perdeu. Aqui no nosso jogo, é a hora do seu gameover. Malditos ou inocentes?

E assim foi o dia em que Jesus chorou, mais um jovem idealista perdera a vida por acreditar, que não deveria parar de procurar o sentido que jamais viera. Jesus chorou mais um dia, assim continua. Um jovem morre por dia. As lágrimas correm pelo mundo, caindo nos cantos das janelas, olho para fora, as gotas na janela me lembram a última vez que sorrimos juntos. Meus amigos se partiram e não pudemos dizer Adeus. As histórias estão se acabando. Serei eu a próxima vitima? Ou será você? Tenho visto muitos fins, e nenhum foi um conto de era uma vez. Será que este é o fim dos contos, dos irmãos Green? No fim procuramos as fábulas, deveras realidade, o porquê do nome fábula.

Que o Deus que existe, não permita que eu perca a fé, que eu continue procurando ultrapassar meus limites. Se nos largaram no inicio, nos cabe ir até o fim. Não desejo vingar a morte dos que se foram. A cada um a consciência de seus feitos! Espero ver, todas as pessoas que foram, mais uma vez.. E dessa vez não vai ser no jornal.

Paulo Câmara.

Réquiem às lapides que lacraram o sonho de algumas famílias. Em eterna memória aos amigos que se foram, que um dia nos encontremos em Atlântida.

7 comentários:

Alcir Escocia Dorigatti disse...

A sensação de caminhas sozinho em meio da multidão sempre afeta os que não navegaram dessa vez, entretanto o feito nunca será mudado, rios de tinta,risos ou lágrimas não podem regressar à nascente. Pode parecer triste, mas é o correr dessas águas que propiciaram o encontro de todas em um fim próximo, onde a única coisa que contará será os momentos da caminho.

Abração cara!
Força!

Carlos H. Muniz disse...

Cara... Adorei esse texto. Muito bem escrito, demais. Passou tanta coisa na minha cuca lendo isso, pra comentar, mas no final fiquei sem palavras.

Tu é pouco foda!
:o

Augusto disse...

O mesmo Tejo de lágrimas confusas são os teus oceanos de palavras...
Na dislogia eterna da tua pena, poeta!
Que oniricamente resiste contra o século, mas, que esbarra, quase sempre numa parede de sofismas deste mundo! "Porque os prognósticos afirmam sonolência profunda e eterna ao fim do túnel..."
Eis ai na tua sentença a tua causa!
Para mim, tuas palavras, de mesma tonalidade e cadência musical metafísica, foram tesouros de nobreza. E fez jus, honrando gloriosamente os que ja se foram!
A vida continua...

Sinceros abraços e consolos!


Do teu grande amigo:
Augusto!

Anônimo disse...

relaxa, tudo que vc passa agora é Deus te tornando o mais puro dos corações, as dores são constantes e eminentes, mas a fé intorpece e ajuda a seguirmos

Victorhfs disse...

Primeiramente quero dizer que não tenho palavras, pois já passei por isto, fiz até um post na vsen falando sobre o mesmo. Sem muitas palavras para expressar meus sentimentos a ti, como forma de consolo, vou tentar redigir algo que faça eu me expressar de forma mais clara e objetiva...

Há alguns anos atrás meu melhor amigo se foi. É incrível você lidar com alguém a maior parte de seu tempo, todos os dias, a cada minuto de seu ser, amadurecendo e criando novos princípios, depois tirarem de ti como se fosse nada. Certas coisas na vida são, mesmo tristes, fases para você ser mais homem, ou mulher, ter atitude, conhecimento, experiência e principalmente força para se superar as barreiras do dia a dia. Você citou uma série de fatos, misturando-os com certa ironia para não deixar que seus profundos sentimentos e dores fiquem tanto em foco, mas deixando clara pista da razão do mesmo.

Estava em casa, de bob, viajando na onda da coca-cola, computador e banheiro(rs), nunca mais me esquecerei deste dia, quando logo lembro-me de discutir com meu pai por não querer ir a casa da minha avó – antigamente meu computador era mais importante e não conseguia largá-lo, vicio? Não nerd mesmo. Após o desentendimento, com a saída de meu pai, minha mãe e meu irmão, uma garota, chamada Andressa, ligou para mim dizendo que Danilo, meu grande amigo, tinha sido levado a um lugar melhor e distante dos olhos e conhecimentos do ser humano. Achei que era brincadeira, mas logo percebi um leve ar de tristeza com um pequeno som de choro. Quando me toquei, ela disse: Vem aqui em casa e vamos nele, a família está traumatizada. Mesmo não querendo ir, por motivos de pensar: Como estarão? Será que será uma hora agradável a ser ir? Logo pensei, queira ou não a hora é mais do que certa, afinal, não poderia deixá-los de mão. Fui a casa dela e, logo em seguida, saímos vagarosamente até a casa da família do meu amigo. O tempo foi passando conforme andávamos, tudo era muito estranho e desagradável, entretanto, confuso e perdido em algum lugar do tempo. A cada passo meu, um novo pensamento, uma nova lembrança e o pensamento: isto é realmente verdade?

Chegando lá me espantei, ainda não havia me tocado do que estava acontecendo. A mãe dele não largava o choro e seu rostinho, junto com seu corpo, estava aos cacos. O pai tentava controlar e contornar a situação, mais por dentro via-se que a tristeza era grande e o desespero começava a se debater profundamente com a sensatez. Tentei ficar um pouco ao lado da mãe dele, na varanda. Sabe aquela atitude sua atitude querendo aflorar afora e a amnésia lhe bate, bate com tanta força que você passa cada segundo pensando o que esta havendo meu Deus? Eu queria abraça-la, sentar-me ao lado, chorar, espernear, gritar e relembrar toda a vida que se passou, cada detalhe, cada momento, cada alegria, cada bronca, cada tristeza, mas não consegui, fiquei parado olhando para ela, olhando ao meu redor o que havia de ruim acontecendo: Uma família jamais vista aos meus olhos nus com tanta tristeza! Fui para o quarto de Danielly, Leo e Lucas, ambos irmãos desde meu melhor amigo já não presente na Atlântida, mais com o mapa em suas mãos vendo cada passo nosso, nos protegendo e esperando nossa ida. Agora senti a presença dele ao meu lado, como é bom esta sensação. Estou parado, não sei mais o que digitar...

Já no quarto brincávamos, lembrávamos dele, rimos e alguns choravam. Eu ainda não acreditava o que realmente tinha acontecido, algo mais forte dentro de mim falava que ele havia de voltar, me dar um forte abraço e gritar: GAYYYYYYYYY, mania dele. Um tempo se passou e fomos até o tumulo que havia de estar. Esperamos pacientemente para entrar, principalmente para chegar lá; fomos a pé! O momento volta, pra onde estou indo? Chegando lá esperamos um pouco, logo entramos e ali há de estar, vejam! Foi a pior sensação de minha vida, mais por incrível que pareça, ainda não havia de me tocar, não houveram-se lagrimas em meus olhos, eu reparava como ambos ao meu lado choravam, Eu queria chorar, mais não conseguia de forma alguma. Ali parou-se o mundo para mim, acho que um homem é feito de atitudes onde as mesmas não devem ser deixadas para depois. Talvez se eu espernear-se ali ficaria mais feliz hoje, mais aliviado, por outro lado talvez não.

O mais gostoso de hoje e saber que isto foi parte de uma perda para mim, uma grande perda, entretanto, foi uma benção saber que ele esta em um lugar perfeito, não ao meu lado fisicamente, em carne e osso, mais no meu coração e na minha mente. Pensar que me esqueci dele e vivi a minha vida durante este tempo todo foi triste, me sinto envergonhado agora, acho que devo orar todos os dias pela família dele e agradecer por ter conhecido e feito parte daquelas grandes pessoas. Ele estava perdido no anonimato das 4 paredes de meu celebro, pois a vida passa, temos que ver e continuar nosso segmento. As 4 paredes eram o pequeno quartinho onde havia todas as caixinhas de kinder ovo esquecidas no melhor e lindo lugar de meu subconsciente, cheio de surpresinhas vindas de ovos de páscoa tamanho 45. Amigos não temos todos os dias, amigos são escolhidos por Deus para termos. Amigos, como diz o jornaleiro, perto do meu colégio é aquele que daria a bunda por você!

Sopax posso não ser seu amigo, seu verdadeiro amigo mesmo, mais sempre poderá contar comigo para guardar, junto com esta caixinha esquecida em meu anonimato todas e quaisquer desabafos seus! Não posso lhe oferecer muito, você é meu irmãozinho por internet, mais mesmo por internet eu lhe tratarei, assim como outros, poucos até, como se eu conhece-se há anos, sendo sincero, falando merda e compartilhando um pouco de minha vida, como agora. São pessoas como você que fizeram, com poucas palavras, eu me tornar algo melhor hoje. São pessoas assim como você que por bobeiras me deram uma nova visão e princípios.

Você é uma pessoa sem explicação, pensamentos e gestos inexplicáveis que tocam as pessoas, são formas raras de serem avistadas... Olha, não consigo mais escrever nada, quero que meus gestos façam o Danilo, como muitos outros neste mundo da Atlântida, fiquem felizes por saberem que somos e seremos sempre vitoriosos. Eu posso não ser um profissional, todos tem muito a aprender e amadurecer, sempre, mas tenho certeza que o pouco que farei seja de felicidade para eles, para mim, para nos.

Sinceros abraços, lamentações e nunca se esqueça de parar sua vida para visar isto, foi um acontecimento marcante e tenho certeza absoluta de dor. Viva a vida como sempre houve, mais nunca, nunca mesmo, esqueça desde seu amigo. Faça o seu melhor para que ele, lá no mundo da Atlântida, se orgulhe ainda mais de ti e veja você cada vez mais vitorioso. E isto que eu, ele e muitos outros esperamos de você. Sempre seja você mesmo, não importe o que aconteça e nunca perca aquilo que temos de mais valioso, o coração.

Um forte abraço.
Victor Hugo.

Anônimo disse...

Pato,

"Que importa se agora restam apenas cinzas, se as chamas foram altas?" Mário Quintana

Sonhos, lembranças e esperança: a tríade da vida.

Sem sonhar, não imaginamos, não criamos, não experimentamos, não criamos lembranças, nem teremos do que lembrar, de quem lembrar, passaremos pela vida sem termos vivido, abjetos, projetos, sem esperança.

Todavia, a esperança reacende a pequena fagulha, sopro de etrnidade que em nós existe, ao vermos o que fomos, o que somos, o que podemos ainda ser.

De tudo porém, ficam as lembranças não de coisas, mas de pessoas, das amizades, porque ter um amigo é como ter um coração que bate no peito de outra pessoa quando o da gente pára de bater...

E assim, a vida perfaz seu ciclo, voltamos a sonhar, criar lembranças, ter esperança - voltamos a viver!

Anônimo disse...

Sim, provavelmente por isso e