Era uma tarde estranha, um vento maroto e meu cupido com um sorriso debochado. Afinal era a última chance dele de se auto-afirmar como um bom profissional.
Sair do meu ambiente acolhedor naquela tarde não era interessante - mas tinha prometido ao meu cupido dar uma mãozinha em seu trabalho. Contra minha vontade decidi sair e averiguar o cenário, o palco de exposições. Para um bom ator basta uma boa mentira para se encenar uma alegria. Menti para meu cupido, disse que ia com aquele "objetivo" - só não o avisei que pretendia lhe matar após os sinos.
Foi tudo normal pra mim, mas para o pobre anjo não. Como eu queria que esse ser "celestial" fosse um chato de um querubim - para eu lhe dar logo um fim. Não parava de atirar, tentando acertar o alvo imaculado. Só ele não havia se tocado que tudo se tratava de simples operações matemáticas. Tira uma flecha dali, tenta somar ali e acaba perdendo sua munição. O fato é que, numa dessas tentativas o infeliz me acerta o nariz. Bravo como deveria estar, quase o mandei para aquele lugar.
Com o nariz á prova da dor, senti um cheiro de amor. Um perfume desconhecido e estrangeiro, não é que o infeliz desse anjo barbeiro me acertara em cheio? Desconcertado olhei para o ser ao meu lado, então falei: "mira ali naquela vai!" O mané não estava entendendo, que eu não queria mais o antigo veneno. Eu queria aquela nova fragrância que estava a me perturbar.
Com uma feição estranha atacou um monte de flechas em sentido ao meu coração. Anjo burro, não era uma questão de amor próprio. Ele não entendia como eu tinha me encantado com alguém do outro lado do famoso alvo desejado. Cansado de ter um aliado burro, tirei uma flecha do coração e lancei na direção do idiota de asas. Ele correu desenganado, chorando por ter falhado e morreu espero eu (Agora se Deus o acolheu de volta, problema foi dEle). Para minha infelicidade, desenganado estava eu, um sentimento acabara de morrer para dar espaço ao desconhecido - ou melhor, desconhecida.... Em linhas descritivas, um caderno seria pouco para elucidar ao mundo a beleza daquele rosto risonho.
Em meu canto, suspirando fiquei pensando: Será que algum dia sentirei aquele aconchegante perfume ao meu lado? Essa era a pergunta que pairava no ar, pois estava sozinho na busca pela fórmula do amor.
9 comentários:
haha, legal o texto.
Cheers,
Bitner
Se é verdade que o coração machucado, melancólico, nos torna mais doces, a fragrância de um bom perfume ao vento dá asas aos nossos pensamentos. Ah, como é bom procurar por entre tantas flores pelo perfume daquela que marcou aquele momento!
muito interessante o texto, é uma variavel forma de se tentar explicar o sentimento amor, as vezes interessante, as vezes manipulador. Eu particularmente gostei bastante, parabéns :)
Que gracinha o texto. Desculpe usar "gracinha",mas foi uma palavra fofa que achei pra expressar o sentimento que senti (ficou esquesito?) ao ler o texto. Adorei mesmo!
Áspero Poeta, irmão de quimeras, deveras amiúde também reconheço em ti, mais um orfão da Poesia!
Irado o texto Sopax!
bom comeco
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