domingo, 11 de fevereiro de 2007

O Dia em que matei meu cupido.

Era uma tarde estranha, um vento maroto e meu cupido com um sorriso debochado. Afinal era a última chance dele de se auto-afirmar como um bom profissional.

Sair do meu ambiente acolhedor naquela tarde não era interessante - mas tinha prometido ao meu cupido dar uma mãozinha em seu trabalho. Contra minha vontade decidi sair e averiguar o cenário, o palco de exposições. Para um bom ator basta uma boa mentira para se encenar uma alegria. Menti para meu cupido, disse que ia com aquele "objetivo" - só não o avisei que pretendia lhe matar após os sinos.

Foi tudo normal pra mim, mas para o pobre anjo não. Como eu queria que esse ser "celestial" fosse um chato de um querubim - para eu lhe dar logo um fim. Não parava de atirar, tentando acertar o alvo imaculado. Só ele não havia se tocado que tudo se tratava de simples operações matemáticas. Tira uma flecha dali, tenta somar ali e acaba perdendo sua munição. O fato é que, numa dessas tentativas o infeliz me acerta o nariz. Bravo como deveria estar, quase o mandei para aquele lugar.

Com o nariz á prova da dor, senti um cheiro de amor. Um perfume desconhecido e estrangeiro, não é que o infeliz desse anjo barbeiro me acertara em cheio? Desconcertado olhei para o ser ao meu lado, então falei: "mira ali naquela vai!" O mané não estava entendendo, que eu não queria mais o antigo veneno. Eu queria aquela nova fragrância que estava a me perturbar.

Com uma feição estranha atacou um monte de flechas em sentido ao meu coração. Anjo burro, não era uma questão de amor próprio. Ele não entendia como eu tinha me encantado com alguém do outro lado do famoso alvo desejado. Cansado de ter um aliado burro, tirei uma flecha do coração e lancei na direção do idiota de asas. Ele correu desenganado, chorando por ter falhado e morreu espero eu (Agora se Deus o acolheu de volta, problema foi dEle). Para minha infelicidade, desenganado estava eu, um sentimento acabara de morrer para dar espaço ao desconhecido - ou melhor, desconhecida.... Em linhas descritivas, um caderno seria pouco para elucidar ao mundo a beleza daquele rosto risonho.

Em meu canto, suspirando fiquei pensando: Será que algum dia sentirei aquele aconchegante perfume ao meu lado? Essa era a pergunta que pairava no ar, pois estava sozinho na busca pela fórmula do amor.

Por Paulo André Câmara


sábado, 10 de fevereiro de 2007

Em uma gaveta qualquer.

Em uma gaveta qualquer, lá coloquei um coração recém roubado. Tranquei e joguei as chaves fora em um riso de auto-ironia.

Mal sabia eu que, por engano, acabara de esconder meu próprio coração. O que fazer? Consegui me prender dentro de uma gaveta qualquer.

Recluso, me recuso a aceitar as condições propostas nessa mesa de jogo. Eu que falei nem pensar - sem pensar. Fui sincero como eu jamais poderia ter sido. Estou preso dentro do jogo que eu criei, como uma brincadeira de criança me tornei a caça e o caçador.

Estou cara a cara com minha pior metade, será que sobrevivo a essa verdade?

Ei seu Astronauta, ligue a luz - cadê a lua? Só ela pode me salvar dessa prisão. Foi para ela que jurei todos os meus amores e ódios, só ela pode me dizer como sair dos labirintos que eu mesmo criei. Se eu seguir adiante, seguirei sem meu coração. Se eu ficar parado, meu corpo irá se perder em ilusões e miragens nesse deserto de água.

Do meu bolso, decidi apostar minha vida. Uma moeda joguei para cima e todo meu futuro está nas mãos da monarquia. Capitalismo selvagem, por ambição roubei meu próprio coração. Seguirei em frente, será que um dia alguém encontrará aquela velha gaveta com o futuro da nação?

Por Paulo André com um toque de engenheiros.